Apalavrabalísticatemorigemnogregoballein,quesignifica“lançar”. Esseramodafísicaestudaolançamento,ocomportamentoduranteovooeos efeitosdoimpactodeprojéteis.Paracompreendê-lo,éfundamentalretomar-mososconceitosdaCinemática,especialmenteosmovimentosretilíneos—o movimentouniformeeouniformementevariado—quedescrevemodesloca-mento unidimensional de um corpo.Agora,ampliaremosessaanáliseparamovimentosemduasdimensões, aplicandoosmesmosprincípiosdacinemática.Oexemploclássicodessetipo demovimentoéodeumprojétil,nomedadoaqualquercorpolançadonoes-paço cuja única força atuante, após o lançamento, é a gravidade.Oprimeiroestudiosoaaplicarumtratamentomatemáticoaoestudoda balísticafoiomatemáticoitalianoNiccolòFontanaTartaglia(1499–1557),autor dolivroLanuovascientia.Nessaobrapioneira,Tartagliacombinouosconheci-mentosdematemáticacomapráticadaartilharia,analisandoatrajetóriados projéteiseinvestigandoqualângulodelançamentomaximizariaoalcancede um disparo de canhão — como ilustrado na figura abaixo.Maistarde,emsuaobraQuesitietinventionidiverse,Tartagliaretomou asquestõesmilitaresepropôsumadescriçãodatrajetóriadeumprojétildividi-da em três fases:
Afiguraabaixoilustraalgunsexemplosdeprojéteis.Todocorpoque,apósserlançado,passaasemoverapenassobaaçãoda gravidade é considerado um projétil. Isso inclui:•Um corpo em queda livre, com velocidade inicial igual a zero;•Umcorpolançadoverticalmenteparacima,quedesaceleraatépararmomentaneamentenopontomaisaltoe,emseguida, retorna à Terra;•O lançamento oblíquo, em que o corpo é lançado formando um ângulo com a horizontal, descrevendo uma trajetória curva no ar;•Eocasoclássicodabaladecanhãodisparadahorizontalmenteapartirdeumacertaaltura,quepercorreumatrajetóriaparabólica ao mesmo tempo em que cai.Essessãotodosexemplosdemovimentobidimensional,nosquaisaanálisepodeserfeitaseparandoosmovimentoshorizontal(com velocidadeconstante)evertical(comaceleraçãodevidoàgravidade).Essaseparaçãoéachaveparaentenderocomportamentodosprojéteis no ar.
•Um trecho reto, impulsionado pela força da pólvora (de A até B), chamado de moto violento;•Uma curva, resultado da ação da gravidade (de B até D), o moto natural;•E, por fim, uma linha reta vertical, na qual o projétil cai perpendicularmente ao solo (de D até F).Apesar de seus avanços, Tartaglia não chegou a descrever com precisão a verdadeira trajetória parabólica de um projétil. Sua obra, Nuova scientia, publicada em Veneza, em 1537, foi a primeira a abordar sistematicamente a teoria e a prática da artilharia. Ele identificou corretamente que o ângulo de 45º proporcionava o alcance máximo, mas não conseguiu demonstrar matematicamente essa conclusão, mantendo ainda concepções equivocadas da época sobre o movimento dos projéteis.Mesmo assim, Tartaglia foi responsável por um marco importante: introduziu o tratamento científico no estudo da balística, lançando as bases para os desenvolvimentos posteriores, inclusive os realizados por Galileu Galilei no século seguinte.
Esses tipos de lançamentos estão presentes em diversas situações do cotidiano, especialmente em contextos históricos, esportivos e militares.Nas armas de arremesso, por exemplo, projéteis são usados para lançar pedras, lanças e flechas contra inimigos, predadores ou presas. Em tempos mais modernos, esse princípio se aplica a armamentos como balas, granadas, projéteis de artilharia e outros dispositivos similares, todos baseados nos fundamentos da balística.Nos esportes, o movimento de projéteis também é amplamente observado:•Em jogos como beisebol, críquete, futebol e boliche, onde bolas são lançadas ou arremessadas;•Nas apresentações de malabarismo, com objetos sendo lançados e pegos em trajetórias bem definidas;•No atletismo, com modalidades como o lançamento de disco, martelo, peso e dardo, além do salto com vara e o salto em distância, que envolvem trajetórias parabólicas no ar.Desconsiderando os efeitos da resistência do ar, um projétil é qualquer corpo que, após ser lançado ou abandonado, passa a se mover somente sob a ação da gravidade. Se houver qualquer outra força atuando sobre ele — como propulsão contínua ou controle aerodinâmico — ele não será considerado um projétil no sentido físico. Um exemplo é o míssil de cruzeiro, que mantém voo motorizado e guiado por sistemas eletrônicos, diferentemente de um projétil que segue apenas sob influência gravitacional após o lançamento.É comum que os estudantes tenham dificuldade em aceitar que a única força atuando sobre um projétil em pleno voo (em um modelo ideal, sem ar) é a gravidade — inclusive quando o corpo está subindo. Nesse caso, o projétil desacelera enquanto sobe, até atingir a altura máxima, onde sua velocidade vertical é nula. A partir daí, ele inicia o movimento descendente, acelerando novamente em direção ao solo. Esse comportamento já foi estudado nos movimentos verticais e agora se integra ao estudo dos lançamentos oblíquos e horizontais.
lançamento de disco
lançamento do martelo
lançamento do dardo
Agora,vamosimaginarumasituaçãohipotética:suponhaqueexistaum“interruptordagravidade”eque,inicialmente,eleestejaligado. Uma bala de canhão é disparada horizontalmente do topo de um penhasco.A pergunta que surge é:Que efeito a gravidade terá sobre o movimento da bala de canhão?Mais especificamente:1.A gravidade afeta o movimento horizontal da bala de canhão?2.A bala de canhão percorrerá uma distância horizontal maior ou menor devido à influência da gravidade?A resposta para ambas as perguntas é: Não!Agravidadenãointerferenomovimentohorizontaldoprojétil.Elaatuaexclusivamentenadireçãovertical,puxandoabaladecanhão parabaixo.Omovimentohorizontalocorrecomvelocidadeconstante,enquantoomovimentoverticaléuniformementeacelerado,com aceleração igual à da gravidade (g ≈ 9,8 m/s²).Portanto:•A distância horizontal que a bala percorre não depende da gravidade, mas sim da velocidade inicial horizontal e do tempo de queda.•Opapeldagravidadeéfazercomqueabalacaia,ouseja,encurtarotempoqueelapermanecenoar,oquepodelimitaradistância horizontal total percorrida.•Mas ela não desacelera nem acelera o movimento horizontal.Se,poroutrolado,o“interruptordagravidade”estivessedesligado,abalaseguiriaemlinharetahorizontalmenteparasempre(ouaté encontrar um obstáculo), com velocidade constante, já que nenhuma força agiria sobre ela.Esseexemploajudaailustrarumadasideiasmaisimportantesdafísica:osmovimentoshorizontaleverticalsãoindependentese devem ser analisados separadamente em um lançamento.
Agravidadeatuaverticalmentesobreabaladecanhão,afetandoespecificamenteseumovimentovertical.Elaéaresponsávelpor produzirumaaceleraçãoconstanteparabaixo,fazendocomqueabalasedesviedesuatrajetóriaretilíneaoriginaleinicieumaquedavertical em relação à linha reta que seguiria caso não houvesse gravidade.Essaforça—exercidapelaTerrasobrequalquercorpocommassa—éoquedeterminaomovimentoparabaixodoprojétil,originando a trajetória curva característica, que chamamos de trajetória parabólica.Nesse contexto, o movimento do projétil resulta da composição de dois movimentos simultâneos e independentes:•Noeixohorizontal(eixoX),oprojétilseguecomvelocidadeconstante,jáquenenhumaforçaatuanessadireção(lembrandoque estamos desconsiderando a resistência do ar).•Noeixovertical(eixoY),oprojétilrealizaummovimentouniformementevariado(MUV),ouseja,ummovimentoaceleradocom aceleração constante, chamada de aceleração da gravidade (g ≈ 9,8 m/s²).Umadasideiasmaisimportantesilustradasporessetipodemovimentoéadequeosmovimentoshorizontaleverticalsão independentes.EssacompreensãofoiformuladapelaprimeiravezporGalileuGalilei,quereconheceuqueagravidadesóafetaocomponente vertical do movimento. Ele utilizou esse princípio para prever o alcance de um projétil, lançando as bases do estudo moderno da balística.Esseprincípiodaindependênciadosmovimentoséessencialparaaanálisedelançamentosoblíquosehorizontais,poispermiteque cada componente do movimento seja estudado separadamente, com suas próprias características e equações.
Nestetópico,vocêaprenderácomoas componenteshorizontal(x)evertical(y)davelocidade edodesloca-mentodeumprojétilevoluemcomo tempo—algumaspermanecemconstantes,enquanto outras variam de forma previsível.Vamosretomaroexemplodabaladecanhão lançadahorizontalmentedotopodeumpenhasco. Suponhaqueelasejadisparadasemângulode elevação,comumavelocidadeinicialde20m/sapenas na direção horizontal.Senãoexistisseagravidade,abalacontinuaria indefini-damenteseumovimentohorizontala20m/s, emlinhareta.Noentanto,devidoàpresençada gravidade,abalapassaaacelerarparabaixocomuma aceleraçãocons-tantedeaproximadamente10m/s² (adotando o valor aproximado para facilitar os cálculos).Issosignificaqueavelocidadevertical(Vy) aumenta em 10 m/s a cada segundo:
AFiguracomparaumabaladecanhãoemquedalivre(emazul)aumabaladecanhãolançadahorizontalmenteemmovimentodeprojétil(em vermelho). Você pode ver que a bala de canhão em queda livre cai na mesma proporção que a bala de canhão em movimento de projétil.
AtrajetóriacurvadeobjetosemmovimentodeprojétilfoimostradaporGalileucomoumaparábola,mastambémpodeserumalinharetanocaso especial quando é lançada diretamente para cima ou para baixo.
R1. Uma bola de bilhar rola sobre uma mesa com velocidade constante de 4 m/s. Após sair da mesa, cai, atingindo o chão a uma distância de 2 m dos pés da mesa. Desprezando os efeitos do ar, determine, aproximadamente, a altura da mesa. Adote g = 10m/s2.Resolução:
Dicas para resolver exercícios sobre lançamento horizontal de projéteis.Por conta do grande número de dados fornecidos no enunciado da questão, precisamos ser organizados. Vamos ser objetivos e práticos na resolução dos exercícios. A seguir, estão algumas etapas importantes que facilitam muito a análise e a solução de problemas envolvendo lançamento horizontal:1.Organize os dados fornecidos, separando claramente as informações relacionadas aos dois eixos:oEixo X (horizontal): geralmente envolve velocidade constante.oEixo Y (vertical): envolve queda livre, com aceleração da gravidade.2.Desenhe um esquema da situação descrita. Representar o cenário graficamente ajuda a visualizar a trajetória, identificar os vetores e aplicar as equações corretas.3.Escolha as equações adequadas para cada eixo:4.No eixo X: a.No eixo Y: (deslocamento vertical em função do tempo)5.O tempo (t) é a variável que conecta os dois eixos, pois é o mesmo para o movimento horizontal e vertical. Portanto, ele é a chave para interligar as equações dos dois sentidos do movimento.6.Decida por onde começar: em muitos casos, é mais fácil encontrar o tempo usando os dados do eixo Y (altura, por exemplo), e só depois aplicá-lo no eixo X para calcular o alcance ou a posição horizontal.Essas etapas são fundamentais para resolver corretamente os problemas. A clareza na separação dos dados e o uso estratégico do tempo tornam a análise mais simples e precisa.
Eixo X
Eixo Y
V0 = VX = 4 m/s
S0Y = 0 m
SX = 2 m
V0Y = 0 m/s
S0 = 0 m
g = 10 m/s2
tqueda = ?
SY = ?
tqueda = ?
R2.(FEI-SP)Umbombardeirovoaa3920mdealturacomvelocidadede900km/h.Dequeposiçãoeledevesoltarumabombaparaatingirum alvo no solo? Adote g = 10 m/s2. Resolução:
3.5.d Exercícios propostosP1.(UFPR)Umabolarolasobreumamesahorizontalde1,225mdealturaevaicairnumpontodosolosituadoàdistânciade2,5m,medida horizontalmente a partir da beirada da mesa. Qual a velocidade da bola, em m/s, no instante em que ela abandonou a mesa? Adote g = 9,8 m/s2
P2(Unicamp-SP)DeumpontoPM,aumaalturade1,8m,lançou-sehorizontalmenteumabombadegáslacrimogêneoqueatingiuospésde um professor universitário a 20 m de distância, como indica a figura. (Dado: g = 10 m/s2).a) Quanto tempo levou a bomba para atingir o professor?b) Com que velocidade vo (em km/h) foi lançada a bomba?
P3.(CEFET-PR)Ummeninoposicionadonabordadeumapiscinaatiraumapedrahorizontalmentedaalturade1mdasuperfíciedaágua.A pedra atinge a água a 3 m da borda. Determine a velocidade, em m/s, com que o menino a lançou, considerando g= 10m/s2 e desprezando a resistência do ar.
P4.Umaviãodesalvamento,sobrevoaumaregiãoaumaalturade3600mdosoloecomvelocidadede250m/s,devedeixarcairumpacote paraumgrupodepessoasqueficaramisoladasapósumacidente.Paraqueopacoteatinjaogrupo,deveserabandonadotsegundosantesde o avião passar diretamente acima do grupo. Adotando g = 10 m/s2 e desprezando a resistência oferecida pelo ar, determine: a) o valor de t; b) a que distância da vertical, em que o pacote foi lançado, ele atinge o solo;
P5.(UNESP93)Umapequenaesferaélançadahorizontalmentedoaltodeum edifíciocomvelocidade.Afiguraaseguirmostraavelocidadedaesferano pontoPdatrajetória,tsegundosapósolançamento,eaescalautilizadapara representaressevetor(aslinhasverticaisdoquadriculadosãoparalelasà direção do vetor aceleração da gravidade).Considerandog=10m/s2edesprezandoaresistênciaoferecidapeloar, determine, a partir da figura:a) o módulo de ;b) o instante t em que a esfera passa pelo ponto P.
P6.(UNESP89)Emvoohorizontal,a3000mdealtitude,comvelocidadede540km/h,umbombardeirodeixacairumabomba.Estaexplode15s antes de atingir o solo. Desprezando a resistência do ar, calcule a velocidade da bomba no momento da explosão. Adote g = 10m/s2.
P7.(Famerp2022)Doisgatosestãobrincandonumlocalondeg=10m/s2conformerepresentadonaimagem.Ogato1seencontrasobreo tampodeumamesa,a0,8mdochão.Ogato2,queestánochão,namesmaverticalQquepassapelogato1,iniciaumacorrida,apartirdo repouso,comaceleraçãoa2constante.Nomesmoinstante,ogato1saltahorizontalmenteparafrente,comvelocidadehorizontalV1 =1,5m/s levando0,40sparaatingirochão.Porfim,osdoisgatoschegamaopontoPnomesmoinstante.Paraaresoluçãodaquestão,desprezeas dimensões dos gatos.a)Apóssaltar,qualeraomódulodaaceleraçãodogato1,emm/s2.Qualeraomódulodacomponenteverticaldesuavelocidade,emm/s, quando atingiu o chão?b)Quantovaleadistânciad,emmetros,entrealinhaverticalQ,deondeosdoisgatospartiram,eopontoP,ondeseencontraram?Qualeraa aceleração do gato 2, em m/s2 para que ambos chegassem a esse ponto P no mesmo instante?
3.5.b Lançamento horizontal
•Após 1 segundo, Vy = 10 m/s;•Após 2 segundos, Vy = 20 m/s;•E assim por diante.Se representarmos esse movimento em um diagrama de vetores de velocidade, veremos claramente o que acontece com cada componente:•O vetor da velocidade horizontal (Vx) mantém sempre o mesmo valor (20 m/s), com módulo, direção e sentido constantes.•Jáovetordavelocidadevertical(Vy)aumentaseumódulocomotempo,sempreapontandoparabaixo,refletindoaaçãocontínua da aceleração gravitacional.Essediagramapermitevisualizaracomposiçãovetorialdavelocidadetotaldabaladecanhãoaolongodotempo.Acombinaçãodas duas componentes (Vx e Vy) forma um vetor resultante cuja direção se inclina progressivamente para baixo à medida que o tempo passa.O conceito-chave ilustrado nesse exemplo é que:•O movimento horizontal é uniforme (velocidade constante);•O movimento vertical é uniformemente acelerado (velocidade varia com o tempo).Essadistinçãoéfundamentalparaentenderocomportamentodeprojéteiseseráútilnaresoluçãodeproblemasenvolvendo lançamentos.
2.Desenheumesquemadasituaçãodescrita.Representaro cenário graficamente ajuda a visualizar a trajetória.
3. Escolha as equações adequadas para cada eixo.
1.Organizeosdadosfornecidos,se-parando claramenteasinformaçõesrelacionadasaos dois eixos:
O tempo (t) é a variável que conecta os dois eixos, pois é o mesmo para o movimento horizontal e vertical. Portanto, ele é a chave para interligar as equações dos dois sentidos do movimento.
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2.Desenheumesquemadasituaçãodescrita.Representaro cenário graficamente ajuda a visualizar a trajetória.
1.Organizeosdadosfornecidos,se-parando claramenteasinformaçõesrelacionadasaos dois eixos:
3. Escolha as equações adequadas para cada eixo.
O tempo (t) é a variável que conecta os dois eixos, pois é o mesmo para o movimento horizontal e vertical. Portanto, ele é a chave para interligar as equações dos dois sentidos do movimento.